08 março 2024

Margarida Bessa: "Fala da Mulher Sozinha"



Algumas partes da letra da canção "Fala da Mulher Sozinha" sugerem que o seu autor, o poeta Eduardo Olímpio, tinha no pensamento uma prostituta de rua sofrendo quase até à loucura de solidão, porém animada pela esperança e pela vontade indómita de rasgar essa solidão e «chegar ao cume, ao cimo, ao alto» do lugar de bem-estar e felicidade a que todo o ser humano tem direito. Nesse desiderato muitas outras mulheres (a solidão não escolhe género mas segundo estudos efectuados afecta mais as mulheres) se sentem irmanadas, de tal sorte que esta canção pode ser considerada o seu "grito do Ipiranga" de libertação da solidão. Aliás, as múltiplas versões que já teve, depois da gravação original por Paco Bandeira, publicada em 1976 (pela Valentim de Carvalho, sob o selo Decca, no LP "Cara ou Coroa"), todas cantadas por intérpretes femininas, maioritariamente fadistas, são um bom sinal do quanto a mensagem nela expressa significa para as mulheres livres e emancipadas do nosso tempo. E sendo a interpretação de Margarida Bessa a melhor, a nosso ouvir, escolhemo-la para assinalar poético-musicalmente o presente Dia Internacional da Mulher. Boa escuta!

E de que modo a estação pública de rádio homenageou a Mulher neste dia que lhe é dedicado?
Começamos por dar boa nota da rubrica "Vamos Todos Morrer" (Antena 3), na qual o seu autor, Hugo van der Ding, continuando a boa tradição de homenagear figuras femininas no dia 8 de Março, escolheu para hoje a primeira rainha reinante da Europa, Urraca I e Leão (1080-1126), cognominada 'A Temerária' e tia do nosso D. Afonso Henriques [>> RTP-Play].
Na Antena 2, e porque é sexta-feira, tivemos, por volta das 10h:45, com repetição cerca das 15h:45, mais uma edição da rubrica semanal "Virtuosas: as Mulheres na História da Música", hoje consagrada à compositora irlandesa Ina Boyle (1889-1967) [>> RTP-Play]. Fazemos questão de exprimir, uma vez mais, o nosso apreço e o nosso louvor ao seu autor, João Rodrigues Pedro, pelo trabalho sério e diligente com que vem mantendo aquele apontamento que representa verdadeiro serviço público na nossa rádio. Relativamente ao mesmo profissional, apraz-nos enaltecer o cuidado que teve, a exemplo do que fez nos anos anteriores, de levar ao seu espaço vespertino "Baile de Máscaras" somente música de compositoras, no caso da francesa Louise Farrenc (1804-1875) e da inglesa Ethel Smyth (1858-1944).
E que mais? Nas incursões que andámos a fazer às emissões das três antenas nacionais, mau grado o incómodo, nada mais apanhámos digno de nota na programação. Nem sequer houve a preocupação de mexer na oferta musical, de maneira que fosse inteiramente de autoras e intérpretes femininas ou que, o não sendo, tivesse como temática o eterno feminino e as múltiplas questões e problemáticas relacionadas com a mulher na sociedade moderna. Seria de bom-tom e não daria assim tanto trabalho pois é abundante o repertório de qualidade (endógeno e exógeno) a que se podia deitar mão. O facto dos directores de programação das Antenas 1, 2 e 3 serem homens não é certamente alheio à clamorosa inacção. Só resta saber se se tratou de puro desleixo (o que não deixa de ser grave) ou se a causa radica em machismo/misoginia (o que é ainda mais grave e absolutamente intolerável na rádio estatal portuguesa, ademais no ano do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos que tornou possível o reconhecimento à mulher de muitos direitos que lhe estavam coarctados).



Fala da Mulher Sozinha



Letra: Eduardo Olímpio
Música: Paco Bandeira
Intérprete: Margarida Bessa* (in CD "Fado", Movieplay, 1995)


[instrumental]

Já estou louca de estar só,
Acompanhada de nada;
Já estou cheia de ser rua
Tão corrida, tão pisada;
Já estou prenhe de amizades,
Tão barriga de saudades...

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar o olhar duma canção:
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!

Na cidade sou loucura,
Sou begónia, sou ciúme...
E eu que sonhava ser lume,
Caminho, atalho e lonjura,
Não tenho assento na festa,
Sou a migalha que resta...

Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão
E nela entrelaçar o olhar duma canção:
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!

[instrumental]

Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,
Mais longe e mais além,
Mas a saber que sou alguém!


* Margarida Bessa – voz
António Parreira e Paulo Parreira – guitarras portuguesas
Francisco Gonçalves – viola
Joel Pina – viola baixo

Produção – Paco Bandeira
Gravado no Estúdio Profissom, Massamá-Queluz
Técnicos de som – António Cordeiro e José Marinho
URL: https://www.facebook.com/margarida.bessa.50
https://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/240794.html
https://www.youtube.com/user/4FadoLisbon/videos?query=margarida+bessa



Capa do CD "Fado", de Margarida Bessa (Movieplay, 1995)
Fotografia – Mário Cabrita Gil
Design gráfico – Dupla

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Outros artigos de homenagem à mulher:
João Lóio: "Cicatriz de Ser Mulher"
Carlos Mendes: "Calçada de Carriche" (António Gedeão)
Teresa Silva Carvalho: "Mulher da Erva"
João Lóio com Regina Castro: "Uma Criada para Todo o Serviço"
Elisa Lisboa: "Mulher-Mágoa" (Ary dos Santos)

23 fevereiro 2024

Janita Salomé: "Zeca"



Foi na sombria e funesta madrugada de 23 de Fevereiro de 1987 que José Afonso partiu deste mundo, sucumbindo a uma doença terrível e fatídica (esclerose lateral amiotrófica). Completaram-se hoje 37 anos e em evocação do maior vulto da Música Popular Portuguesa destacamos a canção "Zeca", com letra de Hélia Correia e música de Janita Salomé, interpretada pelo autor da belíssima melodia. Trata-se de uma versão ao vivo gravada nos espectáculos «José Afonso – "A Utopia e a Música"», realizados no Centro Cultural de Belém, nos dias 22 e 23 de Fevereiro de 1998, mas só publicada em 2004, o que aconteceu – refira-se a título de curiosidade –, um decénio após a edição da gravação original, na voz de Filipa Pais, já objecto de destaque neste blogue, em 2009 [cf. Filipa Pais: "Zeca"]. A revisitação da canção, ainda que noutra interpretação, justifica-se plenamente por seis boas razões: primeira, pelas palavras lapidares que a poetisa Hélia Correia escolheu para retratar o autor d' "Os Vampiros"; segunda, pela inspirada música que se adequa na perfeição ao poema; terceira, pelo primoroso arranjo concebido por João Paulo Esteves da Silva e executado pelo próprio (ao piano) e por outros talentosos instrumentistas; quarta, pela irrepreensível e tocante interpretação de Janita Salomé; quinta, porque as comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974 não podem (não devem) dispensar a homenagem que é devida aos cantores que desbravaram os caminhos que conduziram à Revolução dos Cravos (e José Afonso foi – é oportuno relembrar – o mais proeminente de todos esses destemidos arautos da Liberdade); e sexta, por se tratar de um espécime pouquíssimo divulgado. Nas 'playlists' das rádios de cobertura nacional, inclusive na da Antena 1, é impossível de apanhá-lo, similarmente, aliás, à generalidade do repertório de Janita. Se o boicote à obra discográfica do categorizado artista, que ocupa, por mérito próprio, um lugar de relevo na História da Música Popular Portuguesa, é grave nas estações privadas, ainda mais o é na estatal, atendendo às particulares obrigações que tem no domínio da divulgação da melhor música que se fez em Portugal. Urge, pois, que sejam tomadas as medidas necessárias para tornar a rádio pública mais justa para com Janita Salomé e, bem assim, para com muitos outros intérpretes (em nome próprio ou integrados em colectivos) que deram um significativo contributo para o enriquecimento do património musical/fonográfico português!



Zeca




Letra: Hélia Correia
Música: Janita Salomé
Intérprete: Janita Salomé* [in CD "Utopia: Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo)", Virgin/EMI-VC, 2004]




[instrumental]

Quero falar-te e o coração, de comovido,
perde as palavras que juntara para ti.
Cantar-te sei e apenas isso faz sentido.
Menino d'oiro,
vem sentar-te aqui!
Menino d'oiro,
vem sentar-te aqui!

Por todo o ano é tempo de cantar janeiras.
Mulher da erva, inda agora a vi passar.
Por mar profundo, terra e todas as fronteiras
venham mais cinco
mil p'ra te saudar.
Venham mais cinco
mil p'ra te saudar.

Pode o Sol morrer de velho,
pode o gelo arder também,
mas a voz que de ti nasce
já não morre com ninguém.

[instrumental]

No céu cinzento, o astro mudo inda revela
um bater de asas, o disfarce do seu pé.
Bebem do sangue, comem tudo... olhai, cautela!
O que faz falta
já se sabe o que é.
O que faz falta
já se sabe o que é.

Junta-te a nós, ó bairro negro! vem, falua,
p'la noite fora até que se erga o sol de Verão!
Solta as amarras, sopra, ó vento! continua,
que este homem não
se foi embora, não!
Que este homem não
se foi embora, não!

Pode o Sol morrer de velho,
pode o gelo arder também,
mas a voz que de ti nasce
já não morre com ninguém.


* Janita Salomé – voz e percussão
João Paulo Esteves da Silva – piano
Ricardo Rocha – guitarra portuguesa
Jorge Reis – saxofone soprano
Rui Alves – percussão

Arranjos e direcção musical – João Paulo Esteves da Silva
Produção – Paulo Pulido Valente e Vitorino
Gravado nos espectáculos «José Afonso – "A Utopia e a Música"», realizados no Centro Cultural de Belém, Lisboa, nos dias 22 e 23 de Fevereiro de 1998
Gravação – Amândio Bastos, no estúdio móvel Nuvem Eléctrica
Misturas e masterização – Estúdio Praça das Flores, Lisboa, por Jorge Cervantes, em Fevereiro e Março de 2004.
URL: https://www.facebook.com/janitasalome
https://music.youtube.com/channel/UC1E-8f0Ab_zxiFZQloSHSGg
https://www.youtube.com/@DoTempoDosSonhos/videos?query=janita+salome



Capa do CD "Utopia: Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo)" (Virgin/EMI-VC, 2004)

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Outros artigos com poemas/canções de homenagem ou dedicados a José Afonso:
Galeria da Música Portuguesa: José Afonso
Filipa Pais: "Zeca"
José Mário Branco: "Zeca (Carta a José Afonso)"
Dulce Pontes: "O Primeiro Canto" (dedicado a José Afonso)
José Medeiros: "O Cantador"
Janita Salomé: "Quando a Luz Fechou os Olhos"
Amélia Muge: "Os Novos Anjos" (ao Zeca Afonso)
Manuel Freire: "O Zeca"
Vitorino: "Postal para D. João III"

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Outros artigos com repertório de Janita Salomé:
Galeria da Música Portuguesa: Janita Salomé
Celebrando Natália Correia
Celebrando Luís Pignatelli
Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen
Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"
Em memória de Herberto Helder (1930-2015)
Janita Salomé: "Reino de Verão"
Janita Salomé: "Quando a Luz Fechou os Olhos"

13 fevereiro 2024

"Onde nos Levam os Caminhos" com Fernando Alves




Amada Rádio

Já corremos de mãos dadas
a mais secreta noite do mundo
já subimos ao alto da montanha
sabemos todos os nomes do medo e da alegria
em ti me transcendo
podia morrer nos teus olhos,
se nestes dias de cigarras doidas
perderes de vista o meu coração vagabundo
dá-me um sinal
abraçar-nos-emos de novo
antes dos rigorosos frios
de novo o grande sobressalto
o formidável estremecimento dos instantes felizes
podia morrer nos teus olhos amada rádio.

Fernando Alves (1988)



O Portugal de Fernando Alves

Por: Eduardo Dâmaso (jornalista)



É no Verão que mais consigo ouvir um jornalista que há muito sigo e aprecio. É no Verão que a rádio repete as jóias que o Fernando Alves vai lapidando ao longo do ano, que nem sempre se cruzam no meu caminho, demasiado apressado, entre estios. É no Verão que consigo parar um bocadinho para ouvir a respiração do Portugal que ele, sempre delicadamente, nos traz, na TSF. Esse País que não está na velocidade das auto-estradas ou nos relatórios macro-económicos. Que não encontro no atavio das leis e, tampouco, nas preocupações políticas, demasiado centradas na batalha do és-por-mim-ou-és-contra-mim. Que não fervilha em projectos milionários, demasiado imperceptíveis na óptica do interesse público, folgazões na despesa e fugidios no escrutínio. Também não encontro esse País no jornalismo de cada dia. Pelo menos, com a regularidade que seria desejável. Mea culpa. Não ignoro a minha quota de responsabilidade. Mas, ainda assim, é o jornalismo que vai limpando as armas e disparando uns tiros nessa luta da memória contra o esquecimento e a indiferença. E Fernando Alves é um dos grandes expoentes dessa teimosia profissional, quase heróica, que insiste em peneirar qualquer rasto de humanidade nos confins da Guarda e de Bragança, nas estradas remendadas do Alentejo e do barrocal algarvio. Que não larga o interior à invernia da desertificação. Que não desiste das pessoas e das suas vidas, que nos fala do trabalho, tantas vezes do trabalho brutalmente penoso, das infâncias talhadas na lavoura e noutros labores do campo. Na disciplina e no ar rarefeito dos seminários, pontos cardeais nesse velho mundo das Beiras de Vergílio Ferreira e de outros escritores, único caminho para o famoso elevador social, de saída da pobreza e da miséria para gerações e gerações de portugueses.
Fernando Alves é um pescador de estórias e de poesia, é um perscrutador da nossa História. Que maravilha a sua caminhada radiofónica, um esplendor de sons e palavras, de encontros e descobertas, pela Viagem a Portugal, de José Saramago, nos 100 anos do escritor. Que maravilha esta série, mais recente, a que chama Onde nos Levam os Caminhos. Que maravilha diária os seus Sinais, exercício maior do cronista pelos caminhos da ironia, das metáforas esculpidas no rigor da palavra, das perífrases, elipses ou apóstrofes, num manejo encantatório dos recursos da língua de Camões, Pessoa, Junqueiro, Eça ou Camilo.
Pois, foi no Verão passado que me senti como se estivesse a levar o mais belo dos livros para a sombra de um chaparro, lá no meu Alentejo, e ali ficasse mergulhado nas curvas do viajante, até a sesta me apanhar. Metido nalguma fila de trânsito, parado num parque de estacionamento abrigado da canícula, a fazer tempo para um almoço qualquer, levando a voz da rádio no telemóvel, deleitado em casa, foi no Verão do ano passado que tive mais prazer a ouvir o Fernando Alves do que a ler a Viagem do Saramago, um e outro artífices da palavra, uma das maiores invenções da humanidade.
Pela mão do Fernando Alves revisito o meu próprio caminho, as origens que se confundem com a terra que arde em Odemira reencontradas no que vou ouvindo nas reportagens do jornalista e andarilho. Reencontro a velha generosidade rural de quem amanha a terra, mas também serve nos bombeiros, no clube desportivo, na misericórdia ou no transporte dos mais velhos e acamados. Gente desse País que raramente é levado, nas suas vidas e estórias, ao parlamento. Que vive amarrada à servidão das taxas de juro, da falta de emprego e de casa para os filhos. Ou que conta os tostões da magra pensão para comprar os remédios e trocar os óculos. Que paga, obediente, nesse mundo de taxas e taxinhas que engorda um Estado ainda longe de um patamar de eficiência decente. [...]
Pela mão, pela voz e engenho do Fernando Alves revisito os tempos de uma adolescência pessoal e colectiva que o 25 de Abril abriu, de Odemira a Setúbal, de Coimbra ao Porto, de Portugal à descoberta do mundo. A adolescência de um País que invadiu as ruas, os campos e as praias, hoje, aqui e ali, já interditas ao passo livre, como acontece em alguns pontos do litoral vicentino, tomado pelas promessas de um turismo de luxo, servido por preços estratosféricos. Descubro, enfim, como aquela moradora do Bairro da Liberdade, no dia em que o Papa [Francisco] ali foi, que para levar o 25 de Abril ao imenso bairro que é Portugal, a caminhada ainda é longa. Com Fernando Alves, porém, fica sempre a esperança do caminho e nunca o pessimismo da sua intransponibilidade.

(in revista "Sábado", 10 Ago. 2023 – p. 52)


Fernando Alves (n. Lisboa, 1954), depois de colaborar no jornal do liceu de Benguela, deixou-se impressionar pelo sonoplasta Acácio Vieira que fazia emissões em directo com base em dois gira-discos. A 1 de Julho de 1970, ainda não tinha 16 anos de idade, entrou no Rádio Clube de Benguela como locutor, a substituir uma colega que saíra da cidade. Ele tinha voz grave, boa articulação e não dava erros de português. Rapidamente teve um programa próprio, mas revelou-se problemático ao ler textos políticos incómodos e ao passar canções de José Afonso e de Adriano Correia de Oliveira. Em 1973, mudou-se para Sá da Bandeira [actual Lubango] e trocou a rádio por um lugar no centro de emprego local. Mas não demorou a encontrar-se com Emídio Rangel e a aceitar o convite deste para trabalhar no seu programa de três horas na Rádio Comercial de Angola. Rangel tinha um estúdio de rádio, escrevia os conteúdos do programa, angariava a publicidade e empregava sete profissionais. Fernando Alves manteve-se na cidade de Sá da Bandeira após Abril de 1974, ligado ao grupo que tomaria conta da Rádio Comercial de Angola, mas acabou afastado. Ingressou, seguidamente, na Emissora Nacional de Angola, onde permaneceu alguns meses, antes de retornar a Lisboa e ser admitido na RDP, onde fez de tudo, excepto relatos de futebol. Abraçando um novo desafio lançado por Emídio Rangel, Fernando Alves foi um dos jornalistas fundadores (ao lado, entre outros, de Adelino Gomes, António Jorge Branco, David Borges e Joaquim Furtado) da TSF-Cooperativa de Profissionais de Rádio, que se estreou no éter nacional a 17 de Junho de 1984 e que, apesar de ser uma estação 'pirata' (ou talvez por isso mesmo), revolucionou o jornalismo radiofónico português tornando démodé a forma acomodada e cerimoniosa como então a informação era tratada e fornecida ao público. A 29 de Fevereiro de 1988, a TSF-Rádio Jornal passou, finalmente, a emitir legalmente e Fernando Alves continuaria persistentemente fiel a essa sua amada rádio, cujo lema (por si mesmo criado) era «Por uma boa história vamos ao fim da rua, vamos ao fim do mundo». Até que, em Setembro de 2023, desgostoso com a arbitrária destituição do director e seu amigo Domingos Andrade pela nova administração executiva do grupo Global Media, Fernando Alves, num gesto de solidariedade e antevendo «um desfecho triste» para a rádio que ajudara a criar e engrandecer, resolveu meter os papéis para a reforma. Cessou assim, quase quatro décadas volvidas, o vínculo profissional do eminente jornalista-cronista-repórter à TSF, não sem deixar 'órfãos' os rádio-ouvintes que não dispensavam os seus "Sinais" (que estavam no ar desde 1995) e se deliciavam com os maravilhosos programas do repórter-andarilho que se sucederam ao longo dos anos, de que os mais recentes foram os supracitados "Viagem a Portugal" e "Onde nos Levam os Caminhos". Já tivemos o ensejo de dar destaque ao primeiro [cf. "Viagem a Portugal": Fernando Alves nos passos de Saramago] e, hoje, em jeito de celebração do Dia Mundial da Rádio, focamo-nos no segundo: um precioso repositório de 44 saborosas entrevistas com portugueses sábios, quase todos desconhecidos do grande público. Boa escuta!

Uma breve nota adicional para exprimirmos o nosso regozijo por ter sido dada a oportunidade a Fernando Alves de voltar à rádio, no caso à Antena 1, para fazer o programa "Tão Longe, Tão Perto", a emitir nas manhãs de sábado, depois do noticiário das 11h:00, já a partir do próximo dia 17. A não perder!


ONDE NOS LEVAM OS CAMINHOS:
Ep. 1 | 18 Set. 2022 [>> TSF / MP3]
Paulo Teia, missionário jesuíta: «Missão é missa grande».

Ep. 2 | 25 Set. 2022 [>> TSF / MP3]
Cabrita Nascimento, fotógrafo. À sombra da sobreira velha...

Ep. 3 | 02 Out. 2022 [>> TSF / MP3]
Rosa Madeira, professora da Universidade de Aveiro: vamos ao bairro das pessoas invisíveis...

Ep. 4 | 09 Out. 2022 [>> TSF / MP3]
Amélia Mendoza: a bailarina espanhola que pôs o Alentejo a dançar.

Ep. 5 | 16 Out. 2022 [>> TSF / MP3]
Carlos Portela, professor de Física e Química: A aula é o lugar mágico das perguntas.

Ep. 6 | 23 Out. 2022 [>> TSF / MP3]
Rui Mendes, geógrafo: diante de um Picasso, no mosteiro de Ancede...

Ep. 7 | 30 Out. 2022 [>> TSF / MP3]
Miguel de Carvalho, o livreiro, editor e poeta da Figueira da Foz que se enamorou dos surrealistas.

Ep. 8 | 06 Nov. 2022 [>> TSF / MP3]
José Antelo, engenheiro. O regresso ao Técnico, aos 90 anos...

Ep. 9 | 13 Nov. 2022 [>> TSF / MP3]
Maria Antónia Lopes, historiadora da Universidade de Coimbra: «A maior infâmia é ser pobre, tendo emprego».

Ep. 10 | 20 Nov. 2022 [>> TSF / MP3]
Os "outros tempos" de António Mota, revividos em Baião por entre "milhões com roncante".

Ep. 11 | 27 Nov. 2022 [>> TSF / MP3]
Álvaro Costa de Matos, investigador da História do Jornalismo: os carnavais de Bordalo em Torres Vedras...

Ep. 12 | 04 Dez. 2022 [>> TSF / MP3]
Ernestino Maravalhas, um entomólogo rendido à magia do Barroso: «Boticas é um santuário de borboletas».

Ep. 13 | 11 Dez. 2022 [>> TSF / MP3]
Teresa Perdigão, antropóloga, Caldas da Rainha: as festas, a religião popular, os comeres, a invisível âncora.

Ep. 14 | 18 Dez. 2022 [>> TSF / MP3]
Aníbal Zola, contrabaixista e cantor: a rua do Paraíso, no Porto, é uma inspiração...

Ep. 15 | 25 Dez. 2022 [>> TSF / MP3]
Luís Antero, paisagista sonoro, em Alvoco das Várzeas: vamos escutar o rio Alvoco?

Ep. 16 | 08 Jan. 2023 [>> TSF / MP3]
Fernando Mão de Ferro, editor: três mil livros depois, todos os caminhos levam à Ribeira de Nisa.

Ep. 17 | 15 Jan. 2023 [>> TSF / MP3]
Vítor Nogueira, poeta e director da Biblioteca de Vila Real, leva-nos pelos caminhos da Idade Média.

Ep. 18 | 22 Jan. 2023 [>> TSF / MP3]
José Caldeira Martins, o veterinário aposentado que guarda o estranho falar dos de Alpalhão.

Ep. 19 | 29 Jan. 2023 [>> TSF / MP3]
Luísa Pinto, encenadora, actriz e professora de teatro: porque é que «Anónimo não é nome de mulher».

Ep. 20 | 05 Fev. 2023 [>> TSF / MP3]
Conceição Lopes, arqueóloga do mundo: «Eu sou aquela do casaco verde, na foto do Gageiro, no Piódão».

Ep. 21 | 12 Fev. 2023 [>> TSF / MP3]
Manuel Jorge Marmelo, escritor: tantos romances conversados, esticando o pernil à mesa do Zé Bota, no Porto.

Ep. 22 | 19 Fev. 2023 [>> TSF / MP3]
Custódia Casanova, a guardiã das memórias de Pavia.

Ep. 23 | 26 Fev. 2023 [>> TSF / MP3]
José Castanheira, historiador do mar algarvio: uma murejona contra o sueste, no velho cais de Olhão.

Ep. 24 | 05 Mar. 2023 [>> TSF / MP3]
José Manuel Mendes, escritor, professor universitário, presidente da APE: as memórias de um bracarense nascido em Luanda.

Ep. 25 | 12 Mar. 2023 [>> TSF / MP3]
Francisco Lopes, historiador: uma paixão pelas árvores com quartel-general em Abrantes.

Ep. 26 | 19 Mar. 2023 [>> TSF / MP3]
Ana Cristina Martins, responsável pelo Museu Municipal de Arouca: vamos botar cantas!

Ep. 27 | 26 Mar. 2023 [>> TSF / MP3]
Almiro Mateus, médico jubilado em Penafiel: «Há por aí muitos doutores e poucos médicos».

Ep. 28 | 02 Abr. 2023 [>> TSF / MP3]
Afonso Dias, fundador do GAC, músico, poeta, deputado honorário: «Não vos esqueçais da Constituição».

Ep. 29 | 09 Abr. 2023 [>> TSF / MP3]
Luís Farinha, historiador, autor de "Sipote, uma aldeia do Pinhal": regresso às amoras da infância.

Ep. 30 | 16 Abr. 2023 [>> TSF / MP3]
Jorge Vaz de Carvalho, cantor lírico, professor, tradutor premiado, poeta, ensaísta: conversa num caramanchão com vista para o rio.

Ep. 31 | 23 Abr. 2023 [>> TSF / MP3]
Padre Telmo Ferraz, 97 anos, capelão de barragens: ele tocou o lodo e as estrelas.

Ep. 32 | 30 Abr. 2023 [>> TSF / MP3]
João Nunes da Silva, fotógrafo de Natureza: a paixão de um dos fundadores da Quercus pelos flamingos e pelo sal da Ria de Aveiro.

Ep. 33 | 07 Mai. 2023 [>> TSF / MP3]
A paisagem no olhar do pintor João Queiroz, um rapaz dos Olivais que gosta de bétulas. Talvez caminhos?

Ep. 34 | 14 Mai. 2023 [>> TSF / MP3]
Manuel Pinheiro, "rei da lampreia" no Gaveto, em Matosinhos: para Mário Soares ele era «o melhor nas tripas à moda do Porto».

Ep. 35 | 21 Mai. 2023 [>> TSF / MP3]
João Luís Sequeira, director do Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta: «Qualquer português devia conhecer o miradouro de São Leonardo de Galafura».

Ep. 36 | 28 Mai. 2023 [>> TSF / MP3]
Francisco Clamote, o notário reformado em Almada e a sua discreta paixão por plantas e pássaros.

Ep. 37 | 04 Jun. 2023 [>> TSF / MP3]
Joaquim Igreja, professor na escola secundária da Guarda: o que o agarra a este lugar são os grandes penedos de granito.

Ep. 38 | 11 Jun. 2023 [>> TSF / MP3]
António José Correia, do surf em Peniche à Rede de Estações Náuticas: ele é o homem de todas as águas.

Ep. 39 | 18 Jun. 2023 [>> TSF / MP3]
António dos Santos, 83 anos, tipógrafo, guardião das memórias do antigo orfanato municipal de Setúbal.

Ep. 40 | 25 Jun. 2023 [>> TSF / MP3]
António Durães, actor e encenador, à mesa, em Baião: «O teatro salvou-me».

Ep. 41 | 02 Jul. 2023 [>> TSF / MP3]
Pedro Caldeira Cabral: o grande cuidador e estudioso da guitarra portuguesa e dos sons da Terra Quente.

Ep. 42 | 17 Set. 2023 [>> TSF / MP3]
Jorge Monteiro, armador sem barco, na Fuseta: "Em noite de lua cheia, não se anda ao carapau".

Ep. 43 | 24 Set. 2023 [>> TSF / MP3]
Joaquim Gonçalves, o livreiro de Sines: «Gostava de receber Itamar Vieira Júnior, aqui na A das Artes. Ele é um dos maiores escritores do nosso século».

Ep. 44 | 01 Out. 2023 [>> TSF / MP3]
António Ramalho Almeida, pneumologista, autor do livro "A Face Romântica da Tuberculose": «José Maria Pedroto foi uma pessoa que me ensinou medicina».



Capa do livro "Sinais", de Fernando Alves (Oficina do Livro, 2000)
O livro colige 62 crónicas e é acompanhado de um CD com as gravações de 22. Porque, como escreveu Emídio Rangel, seu amigo e companheiro de aventuras radiofónicas, «não chega saborear o texto destes "sinais" mas ouvir/sentir a forma como ele morde as sílabas ou injecta ternura nos versos que cria».



Capa do livro "Sinais: As Últimas 50 Crónicas na TSF", de Fernando Alves (Âncora Editora, Nov. 2023)

Arquivo áudio das 500 crónicas mais recentes:
https://podcasts.apple.com/pt/podcast/tsf-sinais-podcast/id120508046

06 janeiro 2024

Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense: "Cantar à Porta"



                          Uiva a fome do lobo
                          ao rés
                          da alcateia

                          há cheiro
                          e rumores
                          de nozes
                          e avelãs

                          Janeiro
                          acorda o canto
                          das bicas do azeite

                          percorrem os Reis Magos
                          a coroa das romãs

                                  SOLEDADE MARTINHO COSTA


Epifania — Dia de Reis

Integrado na quadra natalícia — com a alegoria «até aos Reis é sempre Natal» —, o dia de Reis, ou Epifania, traduz um dos mais relevantes episódios tradicionais associados ao nascimento de Jesus Cristo. A sua comemoração celebra-se no dia 6 de Janeiro, excepto nos lugares onde não é dia santo de guarda, em que se festeja no domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de Janeiro. Constituindo uma das muitas festas pagãs perfilhadas e cristianizadas pela Igreja, a Epifania (cujo antigo nome entre os Cristãos era Teofania) englobava na sua origem a maior parte das celebrações a Cristo: o seu nascimento; a adoração dos Reis Magos; o seu baptismo; a sua vida e sofrimento na Terra e os seus milagres. A partir do ano de 54, separou-se a Natividade — comemoração do seu nascimento — da Epifania, passando esta a ser consagrada, exclusivamente, aos Reis Magos. A data para essa celebração, fixada no ano de 1164 a 6 de Janeiro, pretendia assinalar a viagem dos três Reis Magos, vindos, segundo o Evangelho, dos seus longínquos países do Oriente até Belém, guiados por uma estrela, para render homenagem e oferecer os seus presentes a Cristo recém-nascido. De seus nomes Gaspar (de olhos amendoados e barba fina), Baltasar (negro e imponente) e Melchior (o mais velho dos três, de longa barba branca), os Reis Magos pagãos simbolizam a riqueza, o poder, a ciência e a homenagem de todos os povos da Terra a Cristo Redentor. Paramentados com as suas preciosas vestes, tiaras sobre as cabeças e tesouros nas mãos, assim se apresentaram perante o Menino — até aí adorado apenas por pastores —, a quem ofereceram os seus presentes: um deles três libras de oiro (para o Rei), o outro três libras de incenso (para o Deus) e o outro ainda três libras de mirra (para os restos mortais do Homem). Segundo S. Mateus (o único que narra o episódio dos Magos no Evangelho), estes terão tido uma conversa com Herodes, que não se repetiu, visto, em sonhos, terem sido avisados para o não tornarem a fazer.
São igualmente os Reis que baptizam o manjar cerimonial da doçaria alimentar desta data: o bolo-rei (espécie de pão doce recheado e enfeitado com frutos secos e cristalizados: pinhões, amêndoas, nozes, passas; laranja, figo, cereja, abóbora), cuja tradição se espalhou por quase toda a Europa e alguns países da América (particularmente da América Latina), a resultar, supostamente, do bolo janual, que os Romanos ofereciam e trocavam entre si nas festas do primeiro dia do Ano Novo. Ao bolo juntavam um ramo de verdura colhido num bosque dedicado à deusa Strena, ou Strénia. Do nome da deusa derivarão o vocábulo francês étrenne (que significa «presentes de Ano Novo») e a palavra «estreias», termo que, em certas localidades do nosso país, continua ainda a utilizar-se para definir o acto de oferecer presentes de «boas festas» («dar as estreias»). Todavia, se recuarmos no tempo, deparamos com as «estreias» (atrenua) relacionadas com mascaradas, banquetes, jogos e outras celebrações realizadas pelos povos pagãos. Daí, no Concílio de Tours, em 567, ter sido sugerido que as «estreias» pagãs dessem lugar «às esmolas de carácter cristão e litúrgico», de modo a atenuar os vestígios do politeísmo. Ao bolo janual e ao ramo de verdura acrescentavam os Romanos pequenas lembranças (tâmaras, figos, mel), com votos de bom ano, paz e felicidade. Este costume tornou-se depois mais exigente, acabando o oiro e a prata por substituir os singelos presentes. Em diversos países foi hábito durante muito tempo introduzir no bolo uma pequena cruz de porcelana (que se juntava à fava), substituída depois por minúsculas figurinhas humanas. Tradição que se conserva, ainda hoje, aliada à expectativa de quem será o achador da fava ou do «brinde», que consiste, actualmente, num qualquer objecto minúsculo apropriado para esse efeito.
Associados à quadra natalícia, vamos encontrar também as janeiras e os Reis, que representam peditórios cantados na noite de Natal, de Ano Novo e de Reis. Herança provável das próprias strenas romanas, a entoação dos cânticos tem por finalidade receber dádivas que se revestem de um carácter alusivo e propiciatório, a remeter-nos, como noutras celebrações, para tempos remotos, em que se celebravam deuses e divindades pagãos ou eram pedidas ou oferecidas dádivas no início do ano comum, símbolo de bom augúrio, quer para quem as pedia, quer para quem as doava. O costume, espalhado ainda hoje por toda a Europa, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, entre outros, continua a celebrar-se, com os seus seculares cânticos de religiosidade popular e festiva. Formados por grupos de homens e mulheres, os janeireiros e reiseiros, acompanhados ou não por músicos, percorrem os lugares, de porta em porta, a pedir oferendas em troca da entoação das «loas» ao Menino, das janeiras e dos Reis. De assinalar, porém, a semelhança destes grupos com os grupos que entoam pela Quaresma o «Cantar das Almas» (ou «Amentação» ou «Encomendação das Almas»). Tanto num caso como no outro, os donativos em dinheiro assim angariados revertem para «mandar rezar missas pelas almas do Purgatório». A diferença está, tão-só, nas ofertas de carácter alimentar (chouriços, queijo, castanhas, maçãs), que revertem para os próprios janeireiros ou reiseiros (géneros consumidos, geralmente, em repasto conjunto), e nos seus cânticos festivos, com intenção de benefícios, ou seja, na forma cristianizada da celebração propiciatória do Ano Novo, enquanto no «Cantar das Almas» apenas se ritualiza o sentido penitente e piedoso dos cânticos de consagração, integrados nas comemorações da quadra pascal. Esta semelhança fazia-se notar, principalmente, em Cunqueira (Proença-a-Nova, Beira Baixa), onde em tempos idos os janeireiros pediam «uma quartilha de milho para as almas» ou o «folário», sem prejuízo, todavia, das dádivas alimentares. Também antigamente, na região de Trás-os-Montes, era costume, nos quatro dias que antecediam os Reis, juntarem-se rapazes e raparigas que percorriam os lugares a pedir de casa em casa as «janeirinhas». À frente do grupo seguia um rapaz com uma candeia de azeite, que voltava a ser cheia quando aquele acabava pelos donos da casa seguinte. Em troca, recebiam chouriços, maçãs, passas, castanhas, vinho e outros géneros, com os quais organizavam uma pequena festa, geralmente à roda de uma fogueira, onde assavam e comiam os chouriços e as castanhas oferecidos. Na mesma região (Felgar, Moncorvo), realizava-se no dia 1 de Janeiro a Festa dos Rapazes, conhecida por Festa da Senhora dos Moços, em que os rapazes, em grupo, palmilhavam a freguesia fazendo um peditório. As ofertas (chouriços, orelheira, bolos, frutos secos, vinho, etc.) eram presas depois nos galhos de um ramo (o «galheiro»), que cada um segurava na mão, sendo as ofertas leiloadas no final da «ronda». Respeitando a tradição destes dias, observada de norte a sul de Portugal, os janeireiros, ou cantadores das janeiras, e os reiseiros, ao saudar os donos das casas, vão também anunciar nas velhas canções de cariz popular o nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos. No Algarve perguntava-se primeiro: «reza ou cantiga?», e, conforme a resposta, os janeireiros rezavam ou cantavam em troca de oferendas. Em Niza (Alto Alentejo) rapazes e raparigas organizavam-se em grupos de quatro elementos para cantar o «Menino Jesus» («loas de Natal») e os Reis («loas dos Reis»), antes e depois do Natal. Escolhiam de preferência as casas onde calculavam ser mais rendosa a recepção e ao abrir da porta diziam: «Menino Jesus da Nazaré, quer que cá cante?». Perante a resposta afirmativa, entravam na casa, onde estava reunida a família (quase sempre na cozinha), e logo começava a «loa». Ainda no Alentejo (Beja), constituía tradição oferecer aos grupos que cantavam as «loas» nas vésperas de Ano Bom ou dos Reis as populares «costas», bolos feitos de massa semelhante à do pão, a que se junta açúcar ou mel, sumo de laranja, ovos, leite e canela, moldados à mão e apresentando formas diversas.
[...]
Cantar os Reis, esperar os Reis, correr os Reis ou tirar os Reis são as denominações decorrentes das práticas da quadra que liga o Ano Novo ao dia de Reis. Todas elas integradas nas celebrações tradicionais onde os ritos, os cânticos e os peditórios se cruzam numa praxe (que visa a obtenção de benefícios), a um tempo festiva e expectante, face à renovação e revitalização da Natureza, com a entrada de um novo ano.
[...]
Igualmente provável é a celebração dos Reis resultar de antigos rituais ligados ao culto dos politeístas solares e da sua festa da consagração da luz do Sol no solstício de Dezembro, efectuada no Egipto sob o título Festum Osirid nati, ou Inventio Osirid, em data correspondente ao nosso 6 de Janeiro, designada pelos Judeus como Festa das Luzes, ou Khanu Ka. Há também quem sustente ter a sua comemoração origem nas festas romanas em honra de Jano (de onde provém o nome de Janeiro), o deus das duas faces: um voltada para o futuro, a outra para o passado.
[...]
Em diversas regiões (Trás-os-Montes e Ribatejo, por exemplo), o cantar dos Reis pode prolongar-se até à data limite, ou seja, até ao dia de S. Sebastião (20 de Janeiro), dizendo o povo: «No dia de S. Sebastião, cantam-se os Reis, se os dão.» Por isso, nos Açores, os cânticos de 5 para 6 de Janeiro têm o nome de Reis, enquanto os que se cantam na noite de 19 para 20 são chamados Sebastianas. Estes cânticos apresentam uma articulação idêntica à dos Reis, residindo a diferença apenas nos versos.

SOLEDADE MARTINHO COSTA (in "Festas e Tradições Portuguesas: Janeiro", Lisboa: Círculo de Leitores, 2002 – p. 35, 63-69 e 73)


Fundado pela poetisa terceirense Maria Francisca Bettencourt, e tendo efectuado a sua primeira apresentação pública a 16 de Julho de 1966, o Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense tornou-se uma referência entre os colectivos açorianos de índole folclórica, pelo relevante contributo que tem dado para o esforço (nunca suficiente) de manter viva a tradição musical e de dança da Ilha Terceira. Os cantares do ciclo do Natal contam-se, como não podia deixar de ser, no seu repertório, parte do qual corresponde ao conteúdo do CD "Festa Redonda", publicado em 2003, com chancela Açor, do Prof. Emiliano Toste. O alinhamento do álbum abre com um belíssimo "Cantar à Porta", alusivo aos Reis Magos, que nos serve na perfeição para a ilustração musical da presente Epifania. Esta cantiga deve ser familiar aos terceirenses, pelo menos àqueles que já tiveram ocasião de presenciar alguma actuação do grupo a festejar os Reis, mas são poucos os continentais que alguma vez a ouviram. E isso explica-se grandemente pela muito deficiente divulgação que a Antena 1 vem dando à música tradicional portuguesa, ainda mais a dos arquipélagos atlânticos, ao negar-lhe lugar na 'playlist' (por discricionaríssima vontade de quem ocupa a direcção de programas), relegando-a para dois espaços semanais em horários esconsos: "A Árvore da Música" (domingos, depois do noticiário das 07h:00 da manhã), neste caso para novas edições; e "Alma Lusa" (depois do noticiário da meia-noite de domingo e até às 02h:00 da madrugada de segunda-feira), programa essencialmente devotado ao fado. Uma situação deveras vergonhosa e de todo intolerável a que urge pôr cobro!



Cantar à Porta



Letra e música: Popular (Ilha Terceira, Açores)
Intérprete: Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense* (in CD "Festa Redonda", Açor/Emiliano Toste, 2003)


[instrumental]

Uma estrela, uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude...

[instrumental]

Uma estrela nos guia
No caminho, no caminho da virtude...

[instrumental]

Ó dono, ó dono da moradia,
Lá vai à... lá vai à vossa saúde!

[instrumental]

Ó dono da moradia,
Lá vai à... lá vai à vossa saúde!

[instrumental]

Reis Magos, Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

[instrumental]

Reis Magos viram Jesus
Numa gruta, numa gruta em Belém;

[instrumental]

Guiados, guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

[instrumental]

Guiados pela mesma luz,
Queremos, queremos vê-lo também!

[instrumental]


* [Créditos gerais do disco:]
Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense:
Direcção do grupo – Vera Cunha Azevedo, Margarida Pessoa Pires, Alberto Borba Gonçalves
Direcção técnica – Manuel Brito de Azevedo
Violas (de 12 e de 15 cordas) – Bruno Bettencourt, Jorge David Sousa, José Gabriel Flor, Margarida Oliveira
Violões – Francisco Lourenço (Xavier), José Sales, Manuel Brito de Azevedo
Ferrinhos e mandador – Francisco Gomes (Chico Batata)
Vozes solistas e coros – Andreia Borges, Francisco Lourenço (Xavier), José Pereira Borges, Karla Almeida, Manuel Brito de Azevedo, Reginaldo Fernandes, Rui Fortuna, Vera Duarte
Coros – Alberto Gonçalves, António José Borba, Bruno Bettencourt, Conceição Flor, Francisco Gomes (Chico Batata), João Vicente, Margarida Oliveira, Paula Sales, Virgínia Borges
Participações especiais:
José João Silva – violino
Fernando Ávila – clarinete
José António Santiago – trompete
Manuel Lima – contrabaixo
Rui Furtado – trombone
Tibério Vargas – bombardino

Gravação, mistura e masterização – Emiliano Toste
URL: https://www.facebook.com/GBCRT/
https://www.youtube.com/@Jbvila/videos?query=Cancao+Regional+Terceirense



Capa do CD "Festa Redonda", do Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense (Açor/Emiliano Toste, 2003)
Azulejos do Cantinho

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Outros artigos com repertório de Janeiras e de Reis:
Música portuguesa de Natal
Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata: "Entrada de Aninovo"
Miguel Pimentel com Maria José Victória: "Bons Anos"
Rafael Carvalho: "Bons Anos e Anos Bons"
Terra a Terra: "Estas Casas São Mui Altas"

01 janeiro 2024

Natália Correia: "Ode à Paz", por Afonso Dias


Julie Joy, "World Peace", p. 23 Jan. 2018 (in "Fine Art America")


                A paz é a única maneira de nos sentirmos
                verdadeiramente humanos.

                                          ALBERT EINSTEIN


A Paz, filha dilecta da Justiça e do Bem, é, todavia, frágil e soçobra quando acometida pelo monstro feroz da destruição e da morte que, nas línguas românicas ocidentais, tem o nome de guerra/guerre. Sendo esse monstro uma manifestação da faceta mais animalesca da espécie homo sapiens sapiens, a História já nos mostrou que pode ser contido/inactivado, se nesse nobilíssimo propósito a Humanidade se empenhar, de alma e coração. Assim aconteceu na Europa (continente que desde o colapso do Império Romano sempre fora palco de confrontos bélicos entre povos e nações) nas décadas que se seguiram à colossal hecatombe de 1939-45 – paz essa que só foi interrompida, em 1992, pela guerra da Bósnia-Herzegovina e, em Fevereiro de 2022, pela invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin. É verdade que noutras paragens, mormente no Próximo Oriente e em África, se sucederam guerras, mas quase todas de feição étnico-tribal-religiosa, em resultado da malévola herança dos colonizadores europeus (que traçaram fronteiras a régua e esquadro, sem o mínimo respeito pelos povos e culturas locais), e que têm sido bastante fomentadas pelo muito lucrativo negócio de armas, cuja indústria – é bom ter noção disso – se situa maioritariamente na América do Norte e na Europa. Tudo confrontos que, por estarem relativamente longe do Ocidente, tendiam a ser desconsiderados e esquecidos pelos governos e também sem especial impacto nas opiniões públicas. A inesperada invasão da Ucrânia por um déspota saudosista do grandioso passado do Império Russo e, mais recentemente, a reactivação da guerra na Palestina, decorrente da continuada e inqualificável opressão israelita sobre o povo palestino, despertaram muitos ocidentais da modorra em que parecia terem caído e espicaçaram-lhes as consciências para a necessidade de pugnarem pela defesa e promoção da Paz. Antes, distintos escritores e poetas já haviam escrito romances e poesia de denúncia dos horrores da guerra e em exaltação da benéfica Paz. Entre esses poemas conta-se a "Ode à Paz", de Natália Correia, talvez o mais lapidar libelo de repúdio da terrífica e mortífera guerra e de suplicante invocação da benigna e vivificante Paz. Atendendo à preocupante e perigosa situação a que o mundo chegou, este Dia Mundial da Paz, que é o 60.º primeiro de Janeiro após a publicação da encíclica Pacem in Terris, do bom papa João XXIII, afigurou-se-nos a oportunidade perfeita para revisitarmos a referida ode nataliana e darmos-lhe aqui destaque na voz de Afonso Dias. Sentir-nos-emos gratificados se a leitura/audição de tão lúcidas e sábias palavras ajudar os leitores/visitantes do blogue "A Nossa Rádio" a valorizarem (mais) a Paz e a empenharem-se em acções concretas a seu favor. Não haja ilusões: a Paz mundial só se alcançará se as massas, sobretudo dos países económica e tecnologicamente mais desenvolvidos, se manifestarem de modo veemente e persistente pressionando os dirigentes políticos a tomarem decisões efectivas e justas que façam calar as armas e propiciem a conciliação dos povos desavindos!

Se o programa "Lugar ao Sul" ainda estivesse em antena, é certo que os ouvintes do primeiro canal da rádio pública teriam a oportunidade de escutar poesia recitada por Afonso Dias e, bem assim, canções suas. Hoje em dia, só muito esporadicamente surge uma ou outra canção do cantautor no espaço "Alma Lusa" e com a agravante da transmissão ser a desoras (entre a meia-noite de domingo e as 2h:00 da madrugada de segunda-feira, que é dia de trabalho). Importa, pois, que, sem prejuízo de passar a haver (e não há razão para que não haja) um espaço consagrado à exploração da vasta e preciosa discografia de música popular portuguesa – a de raiz tradicional e o repertório dos cantautores –, seja reformada a 'playlist' (cujo peso na programação musical do canal é descomunal) de modo a dar visibilidade (ou audibilidade, melhor dizendo) à melhor música portuguesa de vários géneros (e não apenas da que se inscreve na área 'pop'), e se crie, também, um apontamento diário de poesia, a fim de dar divulgação radiofónica ao rico património discográfico de poesia dita/recitada de língua portuguesa. Aliás, a poesia dita sempre foi, desde os primórdios da estação pública de rádio, uma das suas marcas distintivas de excelência, e só por leviana e desatinada decisão do "subalimentado do sonho" António Luís Marinho é que foi suspensa, já lá vão vinte anos.



ODE À PAZ



Poema de Natália Correia (in "Drujba – Amizade", revista da Associação Portugal-Bulgária, Julho/Setembro de 1989; De "Inéditos (1985/1990)", in "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 311; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 559-560)
Recitado por Afonso Dias* (in CD "Poesia de Natália Correia", col. Selecta, Música XXI, 2007)


Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
                      deixa passar a Vida!


* Afonso Dias – voz
Organização, selecção e apresentação – Afonso Dias
Captação de som, mistura e masterização – Adriano St. Aubyn
URL: https://www.algarvios.pt/members/afonso-dias/info/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias
https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109037.html
https://www.facebook.com/afonso.dias.31
https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos
https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA



Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)
Concepção – Clementina Cabral



Capa da 1.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)



Capa do CD "Poesia de Natália Correia", de Afonso Dias, com a colaboração de Isabel Afonso Dias, Meguy, Rita Neves, Tânia Silva e Telma Veríssimo (Col. Selecta, Música XXI, 2007)

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Outros artigos com poesia de Natália Correia ou por si adaptada:
Galeria da Música Portuguesa: José Afonso
Poesia na rádio (II)
Ser Poeta
Celebrando Natália Correia
Ana Moura: "Creio" (Natália Correia)
Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira
A Natalidade de Natália
Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias
Poesia trovadoresca adaptada por Natália Correia

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Outros artigos com repertório de Afonso Dias:
Galeria da Música Portuguesa: José Afonso
Amália: dez anos de saudade
A infância e a música portuguesa
Ser Poeta
Celebrando Natália Correia
Em memória de António Ramos Rosa (1924-2013)
Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen
Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"
Cesário Verde: "De Tarde"
António Gedeão: "Dia de Natal", por Afonso Dias
Camões recitado e cantado (VI)
Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias
Afonso Dias: "Dieta Algarvia"

24 dezembro 2023

"Ó Meu Menino Jesus" (tradicional do Alto Alentejo)


Autor desconhecido, "Adoração dos Pastores", Sécs. XVII-XVIII, Igreja de Santa Maria da Alcáçova, Elvas
Fotografia gentilmente cedida pelo Dr. Artur Goulart, responsável pela coordenação científica do inventário artístico da Arquidiocese de Évora
[Para ver a imagem em ecrã inteiro, noutra janela, é favor clicar aqui]


SARRONCA

A sarronca, também conhecida pelo nome genérico de ronca, é um instrumento muito primitivo, da categoria especial dos membranofones de fricção, composto essencialmente por uma caixa de ressonância cuja boca é tapada com uma pele esticada que faz de membrana vibratória, posta em vibração sonora não por percussão mas por fricção da membrana ou de um elemento fixo por uma ponta no seu centro, e que se esfrega com a mão; produz-se desse modo um ruído grave e fundo, que o bojo da caixa transforma no ronco que caracteriza o instrumento.
A organologia distingue duas espécies principais destes membranofones de fricção, conforme o processo fricativo pelo qual a pele é posta em vibração: é directo, se se esfrega directamente a membrana, ou indirecto, se existe algum elemento fricativo.
Os membranofones de fricção directa são geralmente membranofones de percussão vulgares, tambores ou pandeiros, usados daquele modo especial; a fricção faz-se então normalmente com a própria mão (que por vezes se unta com qualquer produto que lhe aumenta a força de aderência) ou, em certos casos, com um pano. Entre nós, e no resto da Europa, eles não parecem ser conhecidos.
Os membranofones de fricção indirecta podem, por sua vez, ser de dois tipos, conforme o elemento fricativo é flexível (uma corda) ou rígido (um pau ou haste); cada um destes tipos pode ainda ser de duas espécies, conforme esse elemento fricativo é exterior ou interior, isto é, conforme a corda ou haste se encontram por fora ou por dentro da caixa. Em todos eles, a caixa geralmente não é típica, e qualquer recipiente faz as suas vezes; na maioria dos casos europeus, usa-se para o efeito uma vasilha ou vaso de barro; entre nós, porém, na região de Elvas, fazem-se, em certas olarias, bilhas especiais para as sarroncas, na época em que elas ali se usam, que é o Natal. O instrumento é levado sob o braço direito: a fricção faz-se longitudinalmente, ao longo do elemento fricativo, da pele para fora se este é de corda (jalando), do topo livre para a pele (puiando) ou em ambos os sentidos se ele é de haste; neste último caso, quando o instrumento se integra num conjunto, os dois sons, que correspondem a cada um desses movimentos, fazem um acompanhamento baixo e de ritmo vivo. Estes elementos fricativos, ou os dedos, untam-se com resina, cera, água, saliva ou outro produto pegajoso — por vezes, em certos povos, sangue —, e ora se faz deslizar a mão fechada sobre a corda ou haste, provocando um ronco contínuo, ora, no primeiro caso, se faz passar a corda segura entre o polegar e o indicador em pequenos movimentos sucessivos e bruscos, que produzem uma série de estrépitos secos e iguais. Parece que por vezes o tocador apoia os dedos da mão esquerda sobre a pele, para graduar a sua vibração e sonoridade. Os «virtuosos» valem-se de todos estes processos para fazer floreados e «bonituras», e marcar o ritmo dos bailes (e, nos casos afro-americanos, quando querem fazer falar o morto pela voz do instrumento).
Destes membranofones de fricção indirecta conhecemos entre nós a sarronca de haste exterior, que é a mais corrente, e a de corda interior. Nestas duas formas, o instrumento era certamente outrora de uso bastante corrente e comum em muitas regiões do País, embora com nomes, particularidades e técnicas de factura e funções consideravelmente diferentes, conforme as diversas áreas e localidades. De um modo geral, no Noroeste, o nome mais usual é o de ronca ou sarronca; em Terras de Miranda (Duas Igrejas, Ifanes) dizem zabumbas, e do mesmo modo na zona além-Guadiana, as variantes zabomba (Barrancos, Safara), sabomba (Santo Aleixo da Restauração) ou zambomba (Santo Amador); em Freixo de Espada à Cinta (Mazouco, Fornos) é a zorra; na arraia beiroa, no Sudeste da Beira Baixa (Malpica, Rosmaninhal, etc.), zamburra; em S. Brissos (Beja) registamos roncadeira, e em Valhelhas (Guarda), zurra-burros. No Algarve, finalmente, em Loulé, confundindo significados, Athayde de Oliveira descreve o instrumento sob a designação de adufo. Nestas nossas diversas sarroncas, a caixa é, em regra, geralmente uma vasilha de barro, de diferentes tamanhos e formas, que variam conforme o tipo de louça da região. Mas ela pode ser de outras espécies, como sucede com as zabombas de Barrancos e as zorras de Freixo de Espada à Cinta, onde se usa mesmo tudo o que possa servir para fazer aumentar o barulho da fricção: púcaros ou panelas, pequenos ou grandes, «quanto maiores melhores», de barro, folha, alumínio ou até esmalte, latas, bidões, cortiços, etc.; as zamburras do Rosmaninhal também muitas vezes são canecos de folha, e do mesmo modo em certos casos alentejanos (Ferreira do Alentejo, por exemplo). Em Loulé e em outras partes, além das panelas habituais, usam por vezes os alcatruzes das noras. Os cortiços das abelhas são muito frequentes e então o instrumento leva por vezes mesmo o simples nome de cortiço: temos indicação do seu emprego em Santo Tirso, ocasionalmente em certas partes do Gerês, em Cabeceiras de Basto (Eiró), em Vilarinho da Furna, etc.; no Barroso (Covas do Barroso, Boticas), em vez dele, vê-se em alguns casos um cilindro de madeira; mais excepcionalmente, encontramos também a cabaça de fundo serrado, por exemplo nas roncas pastoris da serra de Mação.
[...]
A pele que se usa para membrana de vibração deve naturalmente ser fina, mas varia também conforme as maiores disponibilidades locais; geralmente de ovelha, carneiro, borrego, cabrito, chibo — por vezes o fole da farinha (Rio Caldo, Gerês) — ou cabra (a samarra das zamburras beiroas), preferem-lhe nas terras de além-Guadiana, e, em Loulé, as de coelho ou lebre, colocadas com o pêlo para dentro; no Leste trasmontano, de Freixo de Espada à Cinta, em Mazouco, Fornos, etc., a Terras de Miranda, usam a bexiga de porco. E é também de bexiga de porco ou de carneiro (as maiores) que se recobrem as sarroncas que se fazem na região de Elvas.
[...]
A sarronca, sob estas diferentes formas, é entre nós usada fundamentalmente em duas épocas definidas e preferentemente à noite: no Carnaval e no ciclo do Natal. De uma maneira geral, em toda a faixa ocidental do Norte do País (onde, de resto, ela é, pelo menos agora, muito pouco frequente), em diversos pontos dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria e Santarém, e também no Leste, nos da Guarda e Castelo Branco — Aranhas (Penamacor), Vilar Barroco (Oleiros), Zebreira e Segura (Idanha-a-Nova), Aldeia Nova do Cabo (Fundão); Malpica do Tejo (Castelo Branco) (aqui juntamente com o adufe, o almofariz e a garrafa com garfo) — e em pontos isolados do Alentejo — por exemplo Redondo e Póvoa (Moura) —, onde ela ainda existe ou há memória de ter existido, a sarronca tem o carácter de um instrumento carnavalesco, justificado de resto, pelo seu aspecto e som, e que se usa nos desfiles e brincadeiras dessa ocasião. Este mesmo carácter festivo — e também nocturno — da sarronca está na base da sua utilização nas esfolhadas e espadeladas, que registámos em Rebordões (Santo Tirso). E numa ordem de ideias afim, vemo-la às vezes nas «rogas» que vêm às vindimas do Douro. Traduzindo esta feição, em certos casos, como por exemplo Eiró (Cabeceiras de Basto), Tecla (Celorico de Basto) ou Cerdeira (Montalegre), ela aparece igualmente na Serração da Velha; e na Ponte da Barca, em Santo Tirso e em Gião (Feira), etc., nas assuadas aos viúvos que casam. Em numerosos casos, como, por exemplo, no Alto Minho, em Alvarães, Anha, Barroselas (Viana do Castelo), na Lapela e Traporiz (Monção), o instrumento e o costume desapareceram, mas subsiste a palavra, com um significado de entidade vaga com que se mete medo às crianças, que personaliza talvez a expressão desse ronco nocturno e tenebroso. Noutros lugares onde a tradição se perdeu mas o instrumento ainda existe, ele é usado em paródias e partidas, também geralmente à noite, para meter igualmente medo aos transeuntes solitários; é o que sucede, por exemplo, em Vale de Nogueira (Vila Real), em Louredo (Feira) (em que são visados, especialmente, os rapazitos novos que infringem a proibição de saírem à noite antes dos 18 anos), em Amoreira da Gândara (Anadia), no Louriçal (Pombal), em Valhelhas (Guarda), e ainda em alguns casos algarvios, como Bensafrim (Lagos).
Na faixa oriental do País, na província bragançana, no Alentejo, de um modo geral, e acentuadamente nas terras de além-Guadiana, e ainda em inúmeros pontos da arraia beiroa — que correspondem à área pastoril portuguesa característica, estreitamente aparentadas com as terras espanholas confinantes —, e também no Sul da Estremadura, a sarronca, que mostra aí os aspectos mais significativos entre nós, embora também de uso por vezes nocturno e feição aparentemente burlesca, pode-se considerar como instrumento de carácter cerimonial, próprio do ciclo do Inverno e, sobretudo, do Natal, isto é, do período em que a Igreja permitia, no interior dos templos, músicas rústicas e pastoris, sendo de notar que, nestas áreas, e especialmente no Alentejo e na arraia beiroa, o costume conserva plena vigência e desperta grande entusiasmo. Nestes casos, a sarronca toca-se ora em casa, como é o caso de Castelo de Vide, de S. Brás da Várzea e de S. Lourenço (Elvas), de Vila Viçosa, de Juromenha (Alandroal), e das terras de além-Guadiana, muitas vezes a acompanhar os «cantes» ou cantares ao Menino Deus (Alcácer do Sal e, sobretudo, Campo Maior, Vila Boim, Santa Eulália, e a própria cidade de Elvas, que se abastecem com as sarroncas aí fabricadas em grandes quantidades nesta ocasião), ora na rua, em grupos festivos, de que ela sustenta a animação. Na tela seis ou setecentista, de autor desconhecido, representando a Adoração dos Pastores, existente em Elvas, na Igreja de Santa Maria da Alcáçova, e a que já nos referimos, vê-se, como dissemos, um pastor ajoelhado junto ao Menino, com a sarronca ao lado [imagem supra]; trata-se de uma vasilha de barro de cerca de 30 cm de altura e medianamente bojuda, e com a boca revestida de pele, recortada em folho à sua volta (certamente por erro, falta o elemento fricativo, corda ou, mais provavelmente — segundo o estilo local —, pau). Esta feição natalícia nota-se na área além-Guadiana e, sobretudo, na arraia beiroa, na Malpica e no Rosmaninhal, onde se cantam quadras humorísticas, toda a noite de Natal, dedicadas à zamburra, e pretexto para copiosas libações (de resto, certamente por se lhe reconhecer esse carácter humorístico, ela usa-se nestas localidades também na matança do porco, ocasião por toda a parte de grande euforia). Em Loulé, por seu turno, a sarronca, como dissemos, com o nome de adufo, acompanha também os cânticos das noites de Natal, Ano Novo e Reis, que terminam com as «chacotas» elogiosas ou insultuosas aos donos das casas. O mesmo sucede na região trasmontana de Leste, de Mazouco e Fornos (Freixo de Espada à Cinta) ao Mogadouro (Bruçô) e Terras de Miranda (Ifanes, Duas Igrejas, etc.), onde a zorra ou zabumba se usa igualmente na noite de Natal, e é mesmo tocada na igreja durante a Missa do Galo. Em algumas terras compreendidas nesta área, a sarronca toca-se não apenas na noite de Natal mas durante todo o ciclo do Inverno, mormente, como em Loulé, nas três celebrações principais que nele têm lugar — Natal, Ano Novo e Reis —, nestes casos a acompanhar as cantigas e peditórios próprios dessas ocasiões.

ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA (in "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966 – p. 210-213)



Tocador de sarronca.
Fotografia respigada de: https://olhares.com/tocador-de-sarronca-foto1515297.html.



Tocadores de sarronca.
Fotografia respigada de: https://folclore.pt/sarronca-ronca-zamburra/.


Se alguém nos pedisse para indicar duas cantigas portuguesas originalmente associadas à sarronca, a escolha recairia, obrigatoriamente, na natalícia "Ó Meu Menino Jesus" (Campo Maior, Alto Alentejo) e na carnavalesca "Moda da Zamburra" (concelho de Castelo Branco, Beira Baixa), ambas recriadas e gravadas pela Brigada Victor Jara. A primeira dessas recriações, que tem como referente a recolha que Michel Giacometti fez naquela vila do distrito de Portalegre e publicou no LP "Alentejo" (1965), integrante da série discográfica "Música Regional Portuguesa", saiu no álbum "Quem Sai aos Seus", de 1981. De então até à presente data gravaram-se, pelo menos, mais doze versões, ora baseadas na referida recolha, ora na que o mesmo etnomusicólogo efectuou meia-dúzia de anos mais tarde, na mesma localidade da raia alentejana, para a série documental televisiva "Povo Que Canta" (1971). Umas mais fiéis à recolha, não dispensando a sarronca, outras menos convencionais, por assim dizer, o conjunto das catorze testemunha exemplarmente a forma como a música de raiz pode ser abordada seriamente e de acordo com as diversas sensibilidades dos músicos que se interessam pelo vasto e ancestral cancioneiro popular português. E tendo esta cantiga alentejana uma das mais belas melodias da nossa tradição oral, contando-se, aliás, entre as mais cativantes e empolgantes de todas as natalícias à escala mundial, e uma letra que transmite uma mensagem humanista que está nos antípodas da alienação consumista que hoje impera no chamado Primeiro Mundo, achámos por bem apresentar, em sequência cronológica, as catorze recriações que inventariámos, precedidas das duas recolhas feitas por Michel Giacometti, em Campo Maior, junto do Sr. António Pereira Ferreira. Boa escuta, com votos de Boas-Festas!

Com o propósito de averiguar que 'cardápio' musical natalício a direcção de programas da Antena 1 escolheu para presentear, via 'playlist', os ouvintes nesta semana antecedente ao Natal, demo-nos ao cuidado, mau grado o incómodo, de andar a 'picar' a emissão, sobretudo no turno da tarde. Pois apanhámos um sem-número de canções anglo-saxónicas ou adaptadas para inglês, incluindo algumas das mais banais e corriqueiras (como a estafada e pirosa q.b. "Last Christmas", dos Wham!) e ainda uma espanhola. E portuguesas? Nada, nem sequer uma do álbum "Adiafa no Natal dos Reis" que, em finais de Novembro (há escassas semanas, portanto), até foi disco Antena 1. Fica-se com a ideia de que aquele rótulo é mais para inglês ver e que as edições nas quais é aposto, quando não provêm das 'majors' (Universal Music, Warner Music e Sony Music), são rapidamente atiradas para o baú dos intocáveis.
Perguntamos: como explicar tamanha bizarria na rádio que tem a obrigação, mais do que todas as outras, de divulgar o repertório musical português de feição natalícia que é tão rico e diversificado? Fica à consideração das pessoas e entidades a quem compete escrutinar e avaliar o serviço prestado pela estação pública de radiodifusão!



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira*
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)


Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

E o menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu já vou!


* António Pereira Ferreira – voz e sarronca

Nota 1:
«Canto de Natal recolhido em Campo Maior. Canta-se na noite de Natal, já pelas ruas, já em família, acompanhado do popular instrumento designado por ronca ou zabumba. Também se canta na igreja, mas, neste caso, sem acompanhamento. A ronca é constituída por um púcaro de barro ao qual se adapta um pedaço de pele de anho, retesada e solidamente atada, através da qual passa um junco que o executante fricciona por meio de um movimento de vaivém. É sabido que este primitivo instrumento dá em Espanha pelo nome de zambomba (na Extremadura, o seu emprego nas festas de Natal já se acha assinalado por um texto que data de 1429), pelos de Goebe e Rommelpot, respectivamente, na Flandres e na Holanda, e pelo de pignato na Provença. Torna-se curioso notar que, em todos estes casos, ele serve para acompanhar os cantos de peditório do Natal, Ano Bom e Reis. O canto aqui registado é na tonalidade frequentemente designada por "modo frígio peninsular" (uma escala menor, cadenciando a melodia por graus conjuntos naturais na dominante). A ronca, com os seus sons "glissados", de intonação não definida, serve-lhe de baixo rítmico. Pelo seu carácter e pela particularidade de acompanhamento instrumental, aproxima-se dos cantos similares correntes em Espanha. (Fernando Lopes-Graça e Michel Giacometti, in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)

Nota 2:
A palavra 'caramelo', nesta acepção, significa 'gelo'.
«O fenómeno da congelação [dos rios] não era desconhecido de Gil Vicente que, no auto da Barca do Inferno, põe na boca do Diabo, ou arrais infernal, estas palavras:
                    E que he isto na má ora?
                    E o batel está em sêcco!
                    O rio s'encaramelou!
A superfície da água, assim solidificada, tem realmente em algumas regiões (bacia do Coa, Guarda, terras de Bragança, etc.) o nome de caramélo, cramélo ou carambélo. Por outro lado, caramélo (Mondim da Beira, etc.) é um fio de água gelada que pende das beiras dos telhados, e paredes dos campos, se estes são aquosos, e a água escorre para fora.» (José Leite de Vasconcelos, in "Etnografia Portuguesa", Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1980 – p. 41-42)



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira*
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010) [programa integral >> RTP-Arquivos]


Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

E o Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!

Mas o Menino Jesus
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

— Dê-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dê-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!
— Dê-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dê-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!

Mas o Menino Jesus
Já é mais velho do que eu,
Que já era Deus-Menino
Quando o meu avô morreu. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa qu'eu já vou!


* António Pereira Ferreira – voz e sarronca
Texto introdutório – Michel Giacometti
Locução – Celeste Amorim
Som – João Rodrigues
Produção – Francisco d'Orey, Manuel Jorge Veloso
Realização – Alfredo Tropa



Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Intérprete: Brigada Victor Jara* / voz solo de Joaquim Caixeiro (in LP "Quem Sai aos Seus", Vadeca/J.C. Donas, 1981, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2008; CD "Brigada Victor Jara: Essencial", Edições Valentim de Carvalho/CNM, 2014; Livro/11CD "Ó Brigada!: Discografia Completa da Brigada Victor Jara - 40 Anos": CD "Quem Sai aos Seus", Tradisom, 2015)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

[instrumental]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

[instrumental]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[5x]


* Instrumentos: bandolim, viola, baixo, sarronca, cavaquinho, ocarina e acordeão

[Créditos gerais do disco:]
Brigada Victor Jara:
Amílcar Cardoso – baixo, viola, bombo e coros
Manuel Rocha – violino, bandolim e coros
Ananda Fernandes – viola, bandolim, voz solo e coros
Joaquim Caixeiro – bombo, caixa, sarronca, voz solo e coros
Zé Maria – viola, bandolim, braguesa, baixo, cavaquinho, pífaro, voz solo e coros
Rui Curto – acordeão, concertina, viola, castanholas, adufe e coros
Arnaldo Carvalho – viola, baixo, trancanholas, matrecos, voz solo e coros
Fátima Maia – voz solo e coros
Jorge Seabra – gaita-de-foles, cavaquinho, flauta travessa, ocarina, chincalhos e coros

Assistente de produção – João Donato
Gravado nos Estúdios Arnaldo Trindade, Lisboa
Técnicos de som – Moreno Pinto e Jorge Barata
URL: https://brigadavictorjara.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/brigadavictorjara/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara
https://soundcloud.com/brigada-victor-jara
https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara
https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Intérprete: Canto Chão* / voz solo de Arlindo Costa (in CD "Ventos do Sul", CD Top, 1996)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Logo havias de nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
Ao rigor do caramelo
A neve te faz tremer! [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!

— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Ai, não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Ai, não dou, não dou, não dou!

[instrumental]

O menino da Senhora
Chama pai a São José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!

— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Ai, não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Ai, não dou, não dou, não dou!

[instrumental]


* [Créditos gerais do disco:]
Canto Chão:
Arlindo Costa – vozes
Henrique Lopes – guitarra acústica
Adriano Santos – baixo eléctrico
José Emídio – piano e sintetizadores
Augusto Graça – flauta
Leonardo Tomich – bateria
Luís Melgueira – percussão
Participação especial:
José Liaça – piano e sintetizadores

Arranjos – Canto Chão
Produção – CD Top
Gravado no Tâmara Estúdio, Évora, e no Estúdio Profissom, Massamá-Queluz
Técnicos de som – José Liaça e António Cordeiro
Mistura – Canto Chão, José Liaça e António Cordeiro



Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Intérprete: Alma Popular* / voz solo de Pedro Machado (in CD "Cantigas de Terreiro", Açor/Emiliano Toste, 1999)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
Ao rigor do caramelo
A neve te faz tremer! [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[instrumental]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]


* [Créditos gerais do disco:]
Alma Popular:
Tibério Carreiro – cavaquinho, bandolim, coros, e voz solo
Evandro Machado – acordeão, bandolim, quirini, coros, e voz solo
José Aurélio – violão baixo e coros
Pedro Machado – flauta, bandolim, cavaquinho, coros, e voz solo
Pedro Forte – banjo, bandola, bandolim e coros
Jorge Areia – violão e coros
Pedro M. Machado – percussões

Arranjos – Alma Popular
Direcção artística – Tibério Carreiro
Gravado na Igreja do Senhor Santo Cristo (Misericórdia), Praia da Vitória, Ilha Terceira (Açores)
Gravação, mistura e masterização – Emiliano Toste



Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Intérprete: Nuno Cristo* (in CD "Minha Terra Banzambira", Nuno Cristo, 2004)




[instrumental / vocalizos]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde fostes a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

[instrumental / vocalizos]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[6x]


* Nuno Cristo – guitarra clássica, voz, guitarra portuguesa (afinação de Lisboa), bendir, adufe
Louis Simão – contrabaixo, voz, karkabas
Celina Carroll – voz
Arranjo – Nuno Cristo

Produção – Nuno Cristo
Gravado, misturado e masterizado por Richard Greenspoon (Sterling Sound Productions, Toronto, Canadá), em 2003
URL: https://descendencias.pt/nuno-cristo/
https://music.youtube.com/channel/UC_teYr0Ux4qb4_4B-Boy9LA



Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Arranjo: Brigada Victor Jara
Intérprete: Brigada Victor Jara*, com Vitorino Salomé (in série documental "Povo Que Canta" (revisitado), de Manuel Rocha e Ivan Dias, ep. 10 – "Autos de Criação: Alentejo 2" e ep. 13 – "Música em 2.ª Mão", Duvideo/RTP, 2004; 6DVD "Povo Que Canta" (revisitado): DVD 4 – "Alentejo" e DVD 6 – "Algarve + Extras", Zon Lusomundo, 2010) [a partir de 46':00 >> RTP-Play] [a partir de 39':49'' >> RTP-Play]




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde fostes a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

[instrumental]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!

[instrumental]

O menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[3x]

[instrumental]


* Brigada Victor Jara:
Arnaldo Carvalho – sarronca
Aurélio Malva – guitarra acústica e coros
José Tovim – baixo
Luís Garção Nunes – viola beiroa
Manuel Rocha – violino
Ricardo J. Dias – piano e coros
Rui Curto – acordeão
Quiné Teles – bateria tradicional
Convidados:
António Pinto – guitarra acústica
Vitorino Salomé – voz

Produção – Idalina Alves
Produção executiva – Ivan Dias
Gravado na Duvideo, Estúdio Torrebela, Pontinha, Odivelas, a 5 de Janeiro de 2003
Técnico de som – Carlos Barbosa
URL: https://brigadavictorjara.blogspot.pt/
https://www.facebook.com/brigadavictorjara/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara
https://soundcloud.com/brigada-victor-jara
https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara
https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Intérprete: Roda Pé* / voz solo de Agostinho Teodoro (in CD "Escarpados Caminhos", Public-art, 2004)


[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

[instrumental]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

[instrumental]

O Menino chora, chora
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
Meu menino não dou, não dou, não dou!
[3x]

[instrumental]


* Agostinho Teodoro – voz
Daniel Canelas – violino
Estêvão – bandolim
Fernando Costa – guitarra acústica
Joaquim Manuel – acordeão e percussão
Manuel Fernandes – percussão e sarronca
João Bacelar – programação/sampling e percussão

Arranjos – Roda Pé
Produção – João Bacelar e Roda Pé
Misturas e masterização – João Bacelar
Gravado no Estúdio da Quinta Dimensão, Azaruja, Évora, de Dezembro de 2003 a Abril de 2004
URL: http://www.roda-pe.com/



Natal Alentejano



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Harmonização: Joaquim Vicente Narciso
Intérprete: Coro Misto da Covilhã*, dir.: Luís Cipriano (in CD "Música dos Nossos Avós II", Public-art, 2005)




[vocalizos]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— ...teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[vocalizos]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— ...teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]
— ...teu menino!...
— Não dou, não dou, não dou, não dou... não dou!


* Coro Misto da Covilhã:
Sopranos – Joana Cipriano, Andreia Costa, Margarida Barata, Cristina Cruz, Tatiana Cardoso, Rute Mateus, Rita Cipriano
Contraltos – Diana Nunes, Cristina Moreira, Raquel Moreira, Fernanda Mangana, Carina Garcia, Márcia Ferreira, Ana Raquel Marques, Cátia Cruz, Carmo Santos
Tenores – Alexandre Pereira, Pedro Mendes, Diogo Charro, Ricardo Gomes, César Ribeiro
Baixos – Paulo Poço, Carlos Mangana, António Moreira, António Simões, Daniel Almeida
Maestro – Luís Cipriano

Engenheiro de som – Heinz Frieden
URL: https://www.acbi.pt/coro-misto
https://www.youtube.com/@coromistobeirainterior7009/videos
https://music.youtube.com/channel/UCjQeuKRfun3zzB0dhOUKsUw



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Intérprete: Sons do Vagar* / voz solo de Isabel Bilou (in CD "Sons do Vagar", Associ'Arte, 2006)


Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Quando fostes a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz tremer! [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

E o Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[3x]

[instrumental]


* [Créditos gerais do disco:]
Sons do Vagar:
Gil Nave, Isabel Bilou e Susana Russo – adufe, almofariz, castanholas, concertina diatónica, ferrinhos, flauta de cana, matraca, pandeireta, pífaro, sarronca, tamboril, viola campaniça e vozes

Direcção musical – Gil Nave
Produção – Associação Cultural do Imaginário
Gravado em Évora, de Agosto a Outubro de 2006
Gravação, mistura e masterização – Wladimiro Garrido
URL: https://doimaginario.pt/musica/#sons
https://raizes-do-som.blogspot.com/2007/02/sons-do-vagar-sons-do-vagar-resultam-de.html



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)
Adaptação: José Barros
Intérprete: Navegante* / voz solo de José Barros (in CD "Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e Janeiras", José Barros/MediaFactory, 2009)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

[instrumental]

— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o teu menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o teu menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
[5x]


* José Barros – voz, braguesa, bandolim
Carlos SantaClara – violino, coro
Miguel Tapadas – guitarra, coro
Vasco Sousa – baixo, coro
Abel Batista – cajón, coro
Músicos convidados:
José Manuel David – sanfona, coro
António José Martins – sarronca, coro

Arranjos – Navegante
Direcção musical e produção – José Barros
Gravado no grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, nos dias 6, 7 e 8 de Julho de 2008
Gravação e misturas – João Magalhães e José Barros
Masterização – João Magalhães
URL: https://www.facebook.com/jbnavegante/
https://soundcloud.com/josebarros-music
https://www.youtube.com/@jobarnavega/videos
https://music.youtube.com/channel/UCnughxjRYwBsQBZvKGn9U9w



Deus-Menino



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Intérprete: Macadame* / voz solo de Vânia Couto (in Livro/CD "Firmamento", Macadame, 2016)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[instrumental]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!...


* [Créditos gerais do disco:]
Macadame:
Vânia Couto – voz e coros
Alexandre Barros – viola braguesa e coros
Paulo Yoshida – baixo e coros
Rui Macedo – guitarra e coros
João Fong – programação, teclados e coros
Músico convidado:
Miguel Ferreira – teclados, guitarra acústica, ukulele e coros

Arranjos – Macadame e Miguel Ferreira
Produção – Miguel Ferreira
Gravação – Mário Pereira e Miguel Ferreira
Mistura e masterização – Mário Pereira
URL: https://macadame.pt/
https://www.facebook.com/osmacadame/
https://soundcloud.com/macadamebanda
https://www.youtube.com/@macadamebanda5164/videos
https://music.youtube.com/channel/UCt0J7-tlQbT8I8q-Qj_CviQ



Menino Jesus



Música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolhas: Michel Giacometti (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008 / série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Arranjo: Amadeu Magalhães
Intérprete: Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC* (in álbum digital "Entre Cordas: Ao Vivo no Conservatório de Música de Coimbra", Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, 2018)




(instrumental)


* Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC:
Bruno Oliveira – cavaquinho
Miguel Leitão – baixo acústico
Luís Henriques, Filipa Curto, João Freitas – guitarras clássicas
Jéssica Tavares – guitarra folk
Margarida Beatriz – cajón
David Arnaldo, Rafael Loureiro, Tiago Gonçalves, Catarina Coelho – bandolins

Gravado ao vivo no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, no dia 17 de Novembro de 2018
Técnico de gravação – Gonçalo Rui Santos
URL: https://www.facebook.com/grupodecordas
https://music.youtube.com/channel/UCQc-yrpneYj6rRTCZVT4RIg



Dá-me o Deus-Menino



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Intérprete: Origem Tradicional* / voz solo de Casimiro Pereira (in CD "Natal Tradicional", Origem Tradicional/Brandit Music, 2020)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Logo vieste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
Ao rigor do caramelo
A neve te faz gemer! [bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[instrumental]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu lá vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
[bis]

[instrumental]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!...


* [Créditos gerais do disco:]
Origem Tradicional:
Ana Pereira – flauta, tin-whistle e coros
António Melo – percussões (adufe, caixa, udo, bohdram, shakers, djambé) e percussão fina
Casimiro Pereira – coros, e voz solo
Carlos Cruz – coros
Daniel Pereira – cavaquinho, braguesa, guitarra, tin whisle, ocarina, gaita-de-foles, bouzouki, baixo, percussão, coros, e voz solo
Eduardo Castro – contrabaixo
Emanuel Roriz – bandolim e coros
Lucas Gonçalves – violino
Pedro Guimarães – bandolim e coros
Raquel Ferreira – coros, e voz solo
Renaldo Marques – bouzouki e coros
Convidados:
Catarina Silva – coros, e voz solo
Filipa Torres – coros, e voz solo
João Cunha – violoncelo

Direção artística, composições e arranjos – Daniel Pereira
Captação e pré-mistura – Daniel Pereira
Mistura e masterização – Hélder Costa
URL: https://grupoorigem.blogspot.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_Tradicional
https://www.facebook.com/Origemtradicional/
https://www.youtube.com/@Origemtradicional/videos
https://music.youtube.com/channel/UCpTEq23u8KKN0H3CjeBUz6Q



Ó Meu Menino Jesus



Letra e música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Intérprete: Há Voz e Guitarra* / voz de Joana Silva (in EP digital "Há Voz e Guitarra: Natal 2021", Ricardo Martins, 2022)




[instrumental]

Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
No rigor do caramelo
A neve te faz gemer. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[bis]


* Há Voz e Guitarra:
Joana Silva – voz
Ricardo Martins – guitarras

Arranjos e produção – Ricardo Martins
Gravado no "Estúdio Nazaré", em Dezembro de 2021
URL: https://www.facebook.com/havozeguitarra2021/
https://soundcloud.com/havozeguitarra
https://havozeguitarra.bandcamp.com/
https://www.youtube.com/@havozeguitarra
https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_myoDfvUe2LqCeH_hKID22xo79qIo84moY



Dá-me o Deus-Menino



Letra: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo) e António Nobre (quadra incipit "Nossa Senhora faz meia", 14.ª estrofe do poema "Para as Raparigas de Coimbra", in "Só", Paris: Léon Vanier Editeur, 1892 – p. 72)
Música: Popular (Campo Maior, Alto Alentejo)
Informante: António Pereira Ferreira (excepto a quadra de António Nobre)
Recolha: Michel Giacometti (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Intérprete: Adiafa* (in CD "Adiafa no Natal dos Reis", Epopeia Records, 2023)




Oh meu Menino Jesus,
Oh meu menino tão belo,
Onde foste a nascer
Ao rigor do caramelo! [bis]

Ó meu Menino Jesus,
Não queiras menino ser;
Ao rigor do caramelo
A neve te faz tremer. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[bis]

O menino da Senhora
Chama pai a S. José,
Que lhe trouxe uns sapatinhos
Da feira de Santo André. [bis]

O Menino chora, chora,
Chora pelos sapatinhos;
Haja quem lhe dê as solas,
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[bis]

Nossa Senhora faz meia
Com linha feita de luz:
O novelo é a lua-cheia,
As meias são p'ra Jesus.

— Dá-me o Deus-Menino!
— Não dou, não dou, não dou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[bis]

— Dá-me o Deus-Menino!
— Vai à missa que eu já vou!
[3x]


* Adiafa:
José Emídio – voz
Bernardo Emídio – voz
Ruben Lameira – voz
Convidado:
João Frade – acordeão
URL: https://adiafa5.webnode.pt
https://www.facebook.com/adiafaoficial/
https://www.youtube.com/@adiafaoficial1998/videos
https://music.youtube.com/channel/UCRnf8jQR9K8O0Gj0gY8dY0Q



Sobrecapa do livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", de Ernesto Veiga de Oliveira (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966)
Gaiteiros, desenho da primeira página do "Auto da Segunda Barca" ("Purgatório"), in "Obras de Devaçam", Livro Primeiro da "Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente" (2.ª edição, Lisboa: Andres Lobato, 1586) [>> Biblioteca Nacional Digital]



Capa do LP "Alentejo", recolhas feitas por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, série "Antologia da Música Regional Portuguesa" (Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965)



Capa do CD "Alentejo", vol. 4 da série "Portuguese Folk Music" (Portugal Som/Strauss, 1998)
Reedição do conteúdo do LP anterior.



Capa da caixa com 6 CD "Música Regional Portuguesa", recolhas feitas por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça (Portugal Som/Numérica, 2008)



Capa do vol. 3 (livro + DVD) da "Filmografia Completa", de Michel Giacometti, coordenação de Paulo Lima (RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)
Nas fotografias: Manuel Jaleca (tocador de guitarra portuguesa) e Bonecos de Santo Aleixo (na aldeia homónima do concelho de Monforte)
Inclui os episódios 9 a 12 da série documental "Povo Que Canta", de Michel Giacometti e Alfredo Tropa, emitida pela RTP-1, quinzenalmente (com interregnos), de 9 de Agosto de 1971 a 2 de Outubro de 1972 (1.ª temporada) e de 18 de Outubro de 1973 a 2 de Maio de 1974 (2.ª temporada)



Capa do LP "Quem Sai aos Seus", da Brigada Victor Jara (Vadeca/J.C. Donas, 1981)
Gravura – Maria Keil (Estúdio Fotográfico Diorama, trabalho de Arlindo Almeida Santos)
Arranjo gráfico – Victor Lages



Capa do CD "Ventos do Sul", do grupo Canto Chão (CD Top, 1996)
Aguarela – António Caturra
Design gráfico – Roger Alex



Capa do CD "Cantigas de Terreiro", do grupo Alma Popular (Açor/Emiliano Toste, 1999)
Fotografia e concepção gráfica – Carlos Armando (Irislab)



Capa do CD "Minha Terra Banzambira", de Nuno Cristo (2004)
Design – Nuno Cristo



Capa da edição com 6 DVD "Povo Que Canta" (Zon Lusomundo, 2010)
Inclui os 13 episódios da série documental "Povo Que Canta" (revisitado), de Manuel Rocha e Ivan Dias, emitida pela RTP-1, semanalmente, de 8 de Maio a 7 de Agosto de 2005



Capa do CD "Escarpados Caminhos", do grupo Roda Pé (Public-art, 2004)
Concepção gráfica – Fernando Costa e Ricardo Costa



Capa do CD "Música dos Nossos Avós II", do Coro Misto da Covilhã (2005)



Capa do CD "Sons do Vagar", do grupo Sons do Vagar (Associ'Arte, 2006)
Fotografia – Paulo Nuno Silva
Design gráfico – Milideias, Comunicação Visual, Lda.



Capa do CD "Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e Janeiras", do grupo Navegante (José Barros/MediaFactory, 2009)
Grafismo – Ivone Ralha



Capa do livro com CD "Firmamento", do grupo Macadame (2016)
Ilustração – Ana Biscaia
Grafismo – Paul Hardman



Capa do álbum digital "Entre Cordas: Ao Vivo no Conservatório de Música de Coimbra", do Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC (Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, 2018)



Capa do CD "Natal Tradicional", do grupo Origem Tradicional (Origem Tradicional/Brandit Music, 2020)
Design gráfico – Jorge Portugal Design



Capa do EP digital "Há Voz e Guitarra: Natal 2021", do duo Há Voz e Guitarra (Ricardo Martins & Joana Silva) (Ricardo Martins, 2022)



Capa do CD "Adiafa no Natal dos Reis", do grupo Adiafa (Epopeia Records, 2023)

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Cantos de Natal da Galiza e de Portugal
Canções portuguesas de Natal harmonizadas/musicadas por Fernando Lopes-Graça
Um Natal madeirense com o grupo Xarabanda

[reeditado em 28 Dez. 2023]